Um processo de comunicação consiste na correta transmissão de informação e exerce sobre o receptor um efeito. Este resultado da comunicação é o que podemos chamar de realidade.
Sabemos que quando entramos neste assunto, há uma complexidade de fatores que vêm sendo estudos no decorrer dos tempos.
Comunicação e Psicologia sempre estiveram intrinsecamente relacionadas. Bateson (1972, 1979) foi um dos pioneiros no estudo da comunicação humana e sua aplicação nos estudos da Psicologia.
De início houve um interesse de estudar o papel dos paradoxos na comunicação. O projeto partiu da teoria dos tipos lógicos de Russell e das mensagens analógicas e digitais de Whitehead. A comunicação digital corresponde ao conteúdo verbal expresso, enquanto que o analógico é todo o componente emocional envolvido na mensagem.
A partir das idéias de Bateson, temos a teoria da comunicação humana proposta por Watzlawick (1967) e propõe os axiomas da comunicação. Nestes pressupostos vamos encontrar a estreita relação entre comunicação e o processo relacional, que a partir de então vamos encontrar transformações na compreensão da comunicação humana.
Este trabalho parte do pressuposto que não possível não se comunicar, bem como não ocorrer interação, e sim, que sempre estaremos interagindo e as mensagens são ações comunicativas por meio das quais geramos significados e organizamos a realidade de nossos mundos.
Mais recentemente também encontramos os estudos de Bebchuk (1994) ao propor que toda a conversação é um entrelaçamento de emoção e linguagem. Com isto estamos falando mais uma vez da relação que é estabelecida nesta troca. Para o autor, ao escutar, há um convite ao diálogo.
Vamos encontrar a evolução nesta forma de entender a comunicação humana, nos princípios do construcionismo social, que entende que é através da relação com o outro, em que um processo de trocas comunicacionais são exercidas e portanto de onde construímos nossos sistemas de valores e crenças.
Tal compreensão da comunicação vem refletindo profundas modificações na esfera da Psicologia e nos modos de interação humana.
A comunicação é uma das coisas mais antigas que pertence aos seres humanos, mas só neste último século é que vemos a atenção e o interesse desta no processo de evolução do ser humano. Talvez com a necessidade da expansão do conhecimento, o confronto com as divergências, a necessidade de resolução de conflitos e problemas num espaço de tempo menor, a necessidade vital de aumentar as possibilidades de ampliar e transmitir as mensagens , fez com que as ciências voltassem os interesses sobre este assunto.
Principalmente quando vemos que um dos princípios básicos da comunicação é a possibilidade de estabelecer um diálogo que é constituído com base nas emoções, e que esta resulta da participação comum das interações recorrentes, faz com que nos aproximemos de uma compreensão da comunicação virtual que cada vez mais vem ocupando espaços na nossa realidade.
Neste sentido estamos falando de uma troca de mensagens com uma rede que se estende em todas as direções. Com isto, uma profunda transformação nas mudanças de pensamento e valores se apresenta, uma nova visão de mundo como um todo integrado e não como uma simples somatória de partes isoladas.
É neste momento que vimos a necessidade da Psicologia e Comunicação, mais uma vez se aproximarem do mundo virtual que vem refletindo a expressão da mais recente forma de comunicação humana e da rede de relações que se estabelecem dentro de redes, não havendo hierarquias, nem acima nem abaixo, havendo somente redes aninhadas dentro de redes (Capra, 1996,pg45)
Estamos falando de um processo relacional, inserido dentro de um processo de comunicação junto às novas tecnologias, que faz necessário ser parte integrante da atuação psicológica bem como do campo de estudos da Psicologia. E também com isso, cabe refletir a respeito de como estas inovações podem ser inseridas dentro do mundo acadêmico.
É amplamente conhecido que a tecnologia vem trazendo uma mudança substancial nos assuntos que dizem respeito às condições humanas.
A tecnologia no século 20 tem servido, numa expansão particular e de complexidade no crescimento do potencial para as relações sociais.
Estamos falando do telefone, o automóvel, rádio, meios de comunicação, televisão, transporte aéreo, mais recentemente o uso pessoal do computador, a transmissão via satélite, as redes de comunicação internacionais, o fax, as filmadoras, o telefone móvel, todos fazendo parte da rotina diária com a função de colocar as pessoas cada vez mais próximas. Cada uma destas tecnologias nos permite uma comunicação de imediato.
Este sistema de comunicação permite a expansão da consciência grupal, ao permitir a ampliação dos horizontes do indivíduo isolado, para compartilhar valores, crenças e visões de mundo semelhantes. No meio acadêmico, também vamos encontrar uma ampla transformação, através do florescimento de inúmeros encontros acadêmicos através de periódicos, estruturas organizacionais e encontros internacionais.
Uma mudança significativa está na concepção do conhecimento. Toda esta mudança pode ser mais claramente refletida a partir dos fundamentos do construcionismo social. Isto porque, toda essa tecnologia exige uma mudança radical e uma reformulação do projeto pedagógico. A autoridade na educação agora é exercida e consolidada quanto maior o background relacional, na produção de conhecimento, ao enfatizar o contexto e o diálogo.
É neste momento que o uso de ferramentas e de todo potencial tecnológico tem que fazer parte do processo educacional, como o uso do multimídia, do CD-ROM e o uso da rede, se entendermos que a Psicologia tem que acompanhar e responder às demandas sociais e individuais. E também se Psicologia e Comunicação são inseparáveis ambas têm em comum a necessidade de participar em conjunto do processo de construção das relações humanas, e uma delas é a utilização da comunicação virtual.
A Web e a PsicologiaChegamos à era da aldeia global: computadores, celulares, fax, fibras óticas. O tempo e as distâncias se modificaram. Tempo é dinheiro. Essa é a máxima da sociedade capitalista em que estamos imersos. A sociedade contemporânea caminha para o terceiro milênio. Muda a sociedade, perplexa a cada instante, assimilando e recriando o social, o ecstasy, a aids, a clonagem. Muda a sociedade e mudam também as suas demandas. A Psicologia e a Psicanálise, disciplinas seculares, também vêm se modificando em decorrência dessas transformações e através da interação com a sociedade.
Apesar - ou por causa - de todas essas transformações o sofrimento psíquico e o conflito humano permanecem. E com eles a busca de tratamentos que tragam alívio dessas dores e a resolução dos conflitos o mais rapidamente possível. Novas formas de tratamentos ou apoio que facilitem a dor psíquica devem surgir e a Web se configura entre um deles.
Mas o que é Web. Como uma rede de informação estaria podendo colaborar para minimizar o sofrimento das pessoas na sociedade? Como uma rede de informações poderia se envolver e tentar ajudar o sujeito a amenizar seus conflitos?
O Impacto da RedeContudo, temos que analisar quem é o usuário deste serviço. Estatísticas sobre a Internet são difíceis de calcular. A partir de 1997, a Internet tornou-se extremamente popular. Estima-se em cerca de 60 milhões o número de usuários da rede; dados mais otimistas falam em 100 milhões nos próximos anos. O número de sites amplia-se exponencialmente, e a presença privada na rede, particularmente no WWW, tem crescido significativamente. Aplicações avançadas, como o Internet Phone ou o CU-Seeme, que possibilitam a troca de informação audiovisual em tempo real, demandam maiores investimentos na infra-estrutura e na velocidade de transmissão de dados. Diante de tal explosão de popularidade e utilização, fica muito difícil um exercício de futurologia: o que será da Internet, daqui em diante? Seu uso se alargará, ou será mais restritivo, com a presença da censura? E o Terceiro Mundo, como garantirá o acesso de suas comunidades carentes à rede? Uma série de questões se coloca. Apenas podemos aguardar por seus desdobramentos. Mas, com certeza, existe um ponto pacífico: o fenômeno Internet é global, e irreversível.
Além de estar em constante crescimento, existe o aspecto da descentralização desta rede. A todo o momento estão sendo adicionados novos computadores sem que nenhuma autoridade central seja notificada. A previsão de muitas pessoas é que a Internet vai transformar o modo como o mundo se comunica e, consequentemente, as maneiras em que seu intelecto coletivo vai se expressar. Mas não será uma expansão tranqüila, livre de obstáculos ou mesmo previsível.
A Internet conseguiu transformar-se nem meio de comunicação de massas em alguns países do mundo desenvolvido porque uma minoria grande de pessoas nesses países possui qualificações básicas para ser usuário da rede. Essas pessoas têm acesso a sistemas públicos de telecomunicações em condições de suportar a rede: possuem dinheiro para comprar os computadores e modems necessários; têm o nível de educação e interesse necessário para dominar o uso dos sistemas envolvidos e, quando chegam a esse ponto, possuem a orientação cultural e lingüística que lhes dá acesso a informações que acham compreensíveis e úteis ou ao menos interessante.
As diferenças lingüísticas e culturais são os principais fatores que fazem do avanço da Internet no mundo desenvolvido um processo errático desigual. A maior parte do mundo ainda tem um longo caminho a percorrer antes de começar a se interessar por luxos tecnológicos como a Internet.
O que está acontecendo nos países desenvolvidos hoje podem ser implicações para os padrões futuros de uso da rede entre dois terços remanescentes da população mundial, mas com o tempo, a maioria global terá de ter acesso a sistemas de rede com as quais ainda nem sequer sonhamos. Para a maior parte do mundo, o uso dos meios de comunicação ainda terá que passar por tecnologias mais conhecidas, tais como a TV e a telefonia simples.
Tendências: Educação e TecnologiaAs sociedades que maximizam o uso de nova tecnologia, seja para novas pesquisas, divulgação ou informando sobre os resultados alcançados, foram estas as sociedades, a que mais investiram em tecnologia que sofreram transformações na qualidade de vida. O investimento em tecnologia, na sociedade moderna é o investimento no saber, se não ocorre este investimento, fica-se na dependência de quem sabe.
A história contemporânea confirma esta premissa. As nações detentoras de tecnologia são as que mais progridem e as que dominam na atualidade. As que não investem em tecnologia e ciência ficam a reboque na história, dependendo de concessões e da boa vontade das nações mais desenvolvidas.
A tecnologia em se tratando das ciências humanas não pode ter outro objetivo que o estar a serviço do bem estar, considerando que a promoção de conhecimento é guia para o seu alcance do seu ideal, neste particular a difusão de idéias e a qualidade da informação são altamente importante para a formação do futuro profissional, isto não poderia ser diferente em relação a Psicologia, as novas tecnologias (já não tão novas) como no caso da WEB, passam a ser ferramentas para a formação contínua do profissional, eficiência e desempenho são indispensáveis no processo de formação, que como é sabido, deve ser constante e infindável, neste caso as informações devem ser acessadas com facilidade, bibliografias devem ser consultadas em poucos minutos, interface com colegas, professores e instituições tem a incumbência de fazer circular a informação, checar dados, e fundamentalmente trocar experiências.
Além da PesquisaO estabelecimento de comunidades será uma das áreas de maior crescimento da WEB nos próximos anos. A rede aumenta tremendamente o número de comunidades às quais podemos nos conectar. No passado, talvez pudéssemos participar de uma associação ou de um ou dois grupos de estudo, assim como aderir ao trabalho de uma ou duas organizações sociais. Um dos aspectos socializadores mais fortes da Web é sua capacidade de conectar grupos de pessoas que pensam da mesma forma. Independente de sua localização geográfica ou fuso horário. Facilidade de comunicação, exemplo seria os site para pessoas da terceira idade, o espaço comunitário eletrônico, divulgando conselhos sobre família, saúde, tecnologia, advertências sobre tentativa de golpes para enganar pessoas idosas e grupo de discussão sobre determinada questões.
Longe de ser um processo terapêutico, mesmo porque não é está a sua finalidade, na relação de informação existe a figura do consumidor, aquele que acessa a rede, como quer, quando quer, não havendo nenhum vínculo transferencial, mesmo porque não se consome terapia, ela é um processo de descoberta, se assim podemos chamar. A Web conecta colegas, amigos e familiares de novas maneiras. Formam-se comunidade em torno de interesses comuns com membros em todo o mundo. Porém sua finalidade é a informação, ao possibilitar que as pessoas façam compras, tomem conhecimento das notícias se encontrem, divirtam-se e fofoquem de uma forma que só agora começamos a entender, a Internet está se tornando, nas palavras de Bill Gates, a praça central da aldeia global do amanhã. (Gates,1999)
ConclusãoNa Psicologia, enquanto estudo e pesquisa para uma compreensão do sujeito na sociedade, o conhecimento teórico é sinônimo de ciência, Muito mais do que nas sociedades anteriores, na sociedade atual, a socialização do saber deve vir a privilegiar a todos, a Internet, paradoxalmente, pode vir a tornar realidade algumas destas aspirações, particularmente as que envolvem o conhecimento das teorias psicológicas, assim como o atendimento de milhares de alunos, professores e outros que desejem conhecer ou receber informação a respeito de uma ciência tão diversificada como esta. É claro que nada acontece espontaneamente. Muitos responderão, com razão, que a tecnologia, por si só, não transforma o mundo. Ë verdade. No entanto ela funciona como instrumento, ferramenta e fator de difusão de idéias.